O ROSTO DA IMPOSTURA

Já se sabe não só em Angola e África mas sobretudo em todo o mundo que o senhor que se escondia atrás das “ordens superiores” tem agora o rosto e nome reconhecidos pelos registos civis do país.

Por Osvaldo Franque Buela (*)

Verdadeiro impostor, para não dizer criminoso a sério, mais parece do ponto de vista dos comportamentos e das formas pouco elegantes com que governou o país durante cinco anos, mais pelo assalto que orquestrou e que prepara-se para roubar o voto dos angolanos que votaram pela alternância de poder.

Depois de quase meio século de governo do MPLA, do qual João Lourenço faz parte do balanço catastrófico do regime de onde veio, e após uma sucessão fraudulenta organizada por José Eduardo dos Santos que acabou por humilhar até à morte, o MPLA de João Lourenço está a organizar o assalto eleitoral mais vergonhoso alguma vez organizado na história do país.

Sem qualquer estado de espírito, João Lourenço está determinado a roubar a vitória do Povo e de Adalberto da Costa Júnior a quem o povo confiou o seu voto, com a ajuda não só do exército que está agora em prontidão combativa, mas sobretudo com a ajuda da polícia nacional e do Tribunal Constitucional que fez refém.

Ignorando as observações de senadores americanos e técnicos da União Europeia, o presidente incompetente que sempre denunciei desde 2017 ainda não mede as consequências desastrosas que poderão resultar do seu golpe eleitoral não só dentro da população, mas principalmente a imagem já prejudicada do país dentro e na frente da comunidade internacional.

O mais grave de tudo isso é que não consigo acreditar que num país cuja miséria atingiu proporções sem precedentes, um presidente possa dizer que abrimos o champanhe para comemorar nossa vitória, quando uma certa classe da população come do lixo e que a água potável é um bem raro para o resto da população.

Como é possível que um presidente de um partido não nominalmente eleito possa se dar ao luxo de chamar o exército para prontidão de combate quando sabemos que o resto dos partidos políticos não estão armados?

Como é possível que neste período em que o país já não está em guerra desde 2002, oficiais superiores que são pagos com dinheiro do povo possam continuar a obedecer ordens sem sentido, de lutar contra quem? Contra o povo desarmado que só quer a verdade nas urnas?

O nosso país, o meu país, já não merece esta categoria de impostores no topo do Estado, e apelo à consciência colectiva do povo para que assuma a luta para fazer triunfar a verdade das urnas por todos os meios pacíficos e não pela violência, para desalojar estes impostores que há muito destruíram o país, porque este assunto já não depende da responsabilidade exclusiva da UNITA e da FPU, é agora assunto de todo um povo e todos devemos levantar-nos como um único homem na fim de bloquear a impostura.

Aos patriotas do MPLA, se ainda há algum, estão perante as suas próprias responsabilidades e a história está a vigiar-vos com que material vão escrever a história destas eleições, com a tinta ou com o sangue de povos inocentes? Ainda há tempo de assumir suas responsabilidades diante da história e diante do mundo inteiro, há vida após o poder, principalmente se esse poder nunca lhe foi confiado por meios legais… Assumo!

(*) Activista e refugiado político na França

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

Artigos Relacionados

Leave a Comment